Nunca a ciência foi tão usada como arma de arremesso como agora.
E como uma forma de se fechar qualquer argumento, com a ilusão de uma razão intocável e sem possibilidade de ser rebatida.
Eu sou pela ciência, eu sigo a ciência, eu acredito na ciência. Tornou-se a bandeira de quem não precisa de compreender e explorar mais a fundo nenhum tema. Como se os outros, que de forma crítica, questionam certas coisas, acreditassem que a terra é plana e fossem contra a ciência.
Basicamente, transformou-se num argumento que tenta tratar os outros por burros. Geralmente é isso que está implícito. E digo-o assim directamente, para ser claro.
Portanto, se a ciência diz (sendo que a ciência tem imensas conclusões que não estão alinhadas e que até podem ser opostas), então a verdade absoluta está na ciência. Essa entidade única, sem variáveis nenhumas, que é uma espécie de Deus de quem não está disponível para realmente dialogar.
O mais engraçado é que temos pessoas a usar o argumento da ciência com estudos dispares, cada um a usar a “sua ciência”.
E se a verdade está na ciência que eu uso como argumento, então quem tem razão sou eu. Mesmo que nada perceba do assunto. É a ciência que diz. Ponto.
Pois, mas não é ponto. É vírgula.
Eu arriscaria a dizer que quem usa a ciência desta forma, nada percebe de ciência. Porque a ciência é em si mesma um processo que procura responder a perguntas, com a premissa básica de que essas respostas levam a mais perguntas.
A ciência não é A VERDADE. A ciência é um processo de investigação que procura explicar uma série de fenómenos.
A ciência parte do princípio que nada é imutável, acabado, definitivo. Está sempre, sempre em evolução.
E dizer isto, não é relativizar a ciência, a importância desta, as certezas que nos vai trazendo sobre os mais variados temas. Dizer isto não é colocar em causa toda e qualquer ciência, ao ponto de se assumir que qualquer questionamento está ao nível do terraplanismo. Juntar tudo nesse saco não é honesto e é mais uma forma de descredibilizar qualquer crítica e questionamento que não vá ao encontro daquilo que eu defendo.
Resumindo, também existem inúmeras crenças na ciência. E quando é este o argumento principal que usam comigo quando estou a explanar determinando ponto, a minha crença é a de que não vale a pena continuar a “discutir”.
Armas de arremesso não são argumentos.
