Deixei de acreditar em erros ou em acertos.
E não é nada fácil deixar de acreditar nisto, sobretudo nos erros.
Quando, todos os dias, assistimos ao grau de malignidade que circula por este mundo, é mesmo muito difícil não acreditar em erros.
É tão fácil cair na tentação do erro, como se tudo não fosse um espelho de tudo.
Erros da natureza. Erros da humanidade. Erros de carácter. Erros de tudo o que achamos que não deveria ter lugar nem existir.
Só que existe. E se existe, não é por acaso, não é só porque sim. Não o é, pelo menos, para quem sente, de um sentir profundo, que tudo isto é muito mais que mera aleatoriedade.
Passei a acreditar em processos.
Em processos pelos quais temos de passar.
Processos individuais. Processos de crescimento. Processos de evolução. Processos coletivos.
Nesses processos cabe tudo o que ainda precisa de caber. Por mais que nos pareça impossível, grotesco, desumano, infinitamente doloroso. Se cabe, é porque não temos e não somos o suficiente para que deixe de caber.
Não deixei de acreditar em erros ou em acertos, por precisar. Acreditar nos processos e no propósito deles, não vem de um lugar de ter de me agarrar a algo maior. Digo imensas vezes, que vida como ela se me apresenta objectivamente, é suficiente de sentido. Se o sentido fosse só este, já seria bom, porque já é uma experiência tremenda esta de apenas existir, com tudo o que de incrível e terrível contém.
Deixei de acreditar porque me parece óbvio. Límpido. Porque o meu corpo e a minha alma sente que assim é.